Nesta quarta-feira, 30, os partidos majoritários na Câmara dos Deputados manifestaram apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Casa. O PT do presidente Lula, o MDB e o Partido Liberal (PL) confirmaram apoio à candidatura de Motta, que conta com o respaldo de Lira. A federação liderada pelo PT conta com 80 parlamentares; o PL, 92; e o MDB, 44.
O líder do PL, deputado Altineu Cortes (RJ), anunciou o apoio do partido em frente à sala da liderança do PT. Na quarta-feira, 30, os petistas também manifestaram apoio a Motta. O Podemos e o PP já aprovaram a candidatura. "Quero oficializar o apoio do PL ao candidato Hugo Motta", afirmou Altineu."Será criada uma comissão do partido com alguns parlamentares para encaminhar algumas questões relevantes ao partido", acrescentou. "A comissão vai conversar com o deputado no mês que vem, mas o apoio do PL já está oficializado", acrescentou.
Uma corrente bolsonarista defendia por uma postura mais rígida na disputa, estabelecendo uma lista de exigências para condicionar o apoio a um candidato específico ou até mesmo uma candidatura independente. Em contrapartida, uma maioria queria apoiar Motta.
Valdemar Costa Neto, líder do PL, defendeu o suporte ao candidato de Lira. "Hugo Motta é bastante equilibrado e tem potencial para ser um excelente presidente", declarou Valdemar. Entre as solicitações apresentadas pelo PL está a solicitação para que o novo presidente da Câmara vote o projeto de anistia para os condenados em 8 de janeiro. O PL também reivindica a vice-presidência e pretende expandir os espaços em comissões relevantes. "Realizamos uma reunião bastante produtiva com a bancada." Agora, a equipe está apenas ajustando os locais e a nossa agenda.
A estratégia de Lira para angariar uma ampla base de apoio para sua candidatura à sucessão desagradou alguns bolsonaristas. Na semana passada, Lira removeu da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o projeto de lei que propõe a anistia aos bolsonaristas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos ataques de 8 de janeiro, encaminhando-o para uma comissão especial, o que deve retardar o seu processo legislativo. O projeto é fundamental na busca por reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira, o parlamentar Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP) deixou o plenário chamando Lira de "o pior presidente da Câmara na história do Brasil". Ele afirma que a bancada deve publicar nos próximos dias uma extensa lista de pedidos para condicionar o apoio da bancada.
Por outro lado, Júlia Zanatta (SC) propôs adiar a discussão para permitir a viabilização de uma candidatura que agrade a ala bolsonarista. A parlamentar, integrante do grupo de apoio a Bolsonaro na Câmara, manifesta desconforto com o respaldo dos petistas a Motta.
"Alguns parlamentares têm o anseio por uma candidatura própria, mas acredito que já ficou claro que o apoio a Hugo Motta já é uma realidade no partido." O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), declarou que estamos formando essa maioria de parlamentares. "Considerando a posição da maioria da bancada, essa possibilidade de candidatura própria está descartada".
A insatisfação dos parlamentares vem acompanhada de uma percepção de que não têm poder para acelerar o processo de aprovação da anistia. Os deputados afirmam que Lira propôs ao PL que a comissão especial emitiria seu parecer ainda este ano, uma mensagem que foi ecoada pelo próprio Bolsonaro na terça-feira, porém, negam veementemente que isso possa ocorrer. Um deles recordou que o voto impresso foi rejeitado na Câmara dos Deputados em uma comissão especial.
Lula autoriza e o PT opta por apoiar Hugo Motta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o PT a apoiar a candidatura do deputado Hugo Motta, conforme obtido pelo Estadão/Broadcast com membros do partido. O líder do partido na Câmara, Odair Cunha (MG), fez o anúncio. "Estamos cientes de que o agrupamento que irá apoiar a candidatura do nosso deputado Hugo Motta é o agrupamento que estamos a construir", afirmou. "Queremos comunicar que nosso grupo apoiará a candidatura do deputado Hugo Motta", declarou Odair. Ele afirmou que a sigla informará a decisão ao PV e ao PCdoB, partidos que compõem a federação com o PT.
Odair declarou que o grupo parlamentar tem "intenso respeito" pelos deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSD-BA), concorrentes de Motta na disputa, porém optou por apoiar a candidatura do líder do Republicanos. "Realizamos um debate interno na bancada que não durou apenas dois dias, mas sim um processo de dois meses", afirmou. Motta expressou gratidão ao PT pelo suporte e afirmou estar construindo uma "candidatura de consenso".
Em um almoço no Palácio da Alvorada com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder da sigla na Câmara, Odair Cunha (MG), Lula confirmou seu apoio a Motta. A corrente majoritária do partido, a Construindo Um Novo Brasil (CNB), optou nesta terça-feira, 29, por apoiar o candidato do Republicanos.
Motta propôs ao PT a liderança da 1ª Secretaria da Câmara na composição futura da Mesa Diretora. Atualmente, os petistas estão na 2ª Secretaria. Adicionalmente, o partido está em negociações para indicar um membro para o Tribunal de Contas da União (TCU), com Gleisi e Odair sendo os favoritos. A bancada ainda precisa fazer uma votação, porém já existe uma maioria favorável a Motta entre os parlamentares do partido. Com o respaldo do PT, o postulante do Republicanos fortalece sua posição contra os dois rivais, Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSD-BA). A federação sob a liderança do PT possui 80 parlamentares. Motta também conta com o respaldo do PP, que possui 50 deputados, do Podemos (14) e do próprio Republicanos (44).
MDB confirma também seu apoio a Motta Na noite de quarta-feira, o líder do MDB, Baleia Rossi, revelou que seu partido também irá apoiar Hugo Motta para a presidência da Câmara. "O MDB aguarda de Hugo Motta equilíbrio e a busca por um consenso", afirmou o líder do MDB. O partido possui 44 membros no parlamento. Isnaldo Bulhões (AL), líder da legenda, tem uma relação próxima com o parlamentar do Republicanos e trabalhou para persuadir a bancada a lhe dar apoio.
Fonte:Estadão